sábado, 24 de maio de 2008

Paroxísmo hereditário


Vem devagar, devagarinho,
Latejando, primeiro baixinho,
Sorrateira, de pianinho
Cefalagia de acordar matutino.
É tão danosa e tão intensa,
Que dói até quando uma pessoa pensa
Que este paroxismo na cabeça,
Apenas cansaço representa.
E é com a luz, tímida ou radial,
Que se assume como monumental,
Besta pulsátil crónico-fatal,
Que esmaga como clava a temporã lateral.
E sinto-me viva de morrer,
Meu sangue pulsa, sinto-o escorrer,
Para a veia, cheia, que tento prender
Com medicinas instintivo-tradicionais.
Ahhh, devoradora de cérebros,
Inibidora de intelectos,
Que me roubas o prazer da música e outros deleites predilectos;
Ohh, fatais genes,
Ohh, hereditariedade maligna
Só me trazes enxaquecas e penas de linhagem fidedigna.

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