Hoje li Cesário com quem nunca leu Camões.
Portadores desta língua com quase dois mil anos,
Serão eles os soberanos de programas que letram ninguém.
Faz tua mala e leva tratados de fonologia
Que não contemplam a mitologia
Da lírica de “Alma minha(…)”.
Leva na tua mala recordações de reformas
Que apresam o país a entrar [prematuramente]
Em comboios europeus.
Hoje lemos Cesário, como se nunca tivéssemos lido Camões.
Sem intertextualidade
Só vimos a banalidade a gás dos serões.
Sem reconhecer filhos lançados a tormentas
Ou navegações ancestrais,
Hoje somos os filhos, amanhã seremos os pais.
Faz tuas malas e leva introduções a generativistas,
Ignorando palavras líricas dum dos mais belos classicistas.
Vai! E se levares Camões contigo
- Ou Bocage, Resende ou Dinis –
Será porque és mais que Bolonha,
Redutora e triste,
É porque ainda procuras, sozinho, o melhor do teu país.
(Março de 2007)
segunda-feira, 26 de maio de 2008
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