segunda-feira, 26 de maio de 2008

Abafado

Grito no meu peito a minha voz de solidão
Aquela que não falo no dia a dia
A que se esconde censurando a sociedade
A que não se levanta perante a injustiça
Mas que grita por dentro com vontade

A que cerra os punhos de raiva
E morde, num soluço, palavras prestes a se libertar
A voz que anseia um dia soltar
Melodias que inventa, mas que não possui na garganta

Grito, num silêncio que quase rebenta nos olhos:
Parem!
E o mundo gira à minha volta, em guerras e fomes,
Em escravidão mecanizada ainda do último século
Sem direito a upgrades da globalização.
E chora quando vê estátuas a serem derrubadas
Como se a libertação de um povo valesse todas as mortes das crianças.
E chora quando vê museus do berço do mundo a serem espoliados
E chora, num grito abafado, a reeleição de um inegrumeno.

O grito do meu peito, soa abafado.
É uma voz que não se ouve, como tantas ao meu lado.

(Fevereiro 2007)

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