Para quê fazer poesia
Se Pessoa disse tudo?
Como ele não se continha no mundo
Pelo menos naquele em que vivia.
Para quê a poesia analisar,
Se perto dela só estamos a mastigar
Ruminado palavras de Graça
Perfeição do Verbo que nos ultrapassa?
Musa da multiplicidade,
Que disse fingindo a verdade
É, mais que mil em um,
Um em mil,
Cabendo nele um lado infantil,
Um frenético e um solene
Fragmentado e perene
Génio de ósculos mil.
Beijando-me os olhos de lágrimas
Imagem triste, efémera, magra,
Lido como colo, pai e mãe,
Obcecado de ser ninguém,
Imagem construída,
Pensada que nunca seria lida,
Foste Musa varão de minha nação.
Para quê dizer se o indizível foi dito?
De tudo feio, de tudo bonito
De tudo possivelmente contido num sujeito
Que transporta a rotina no peito.
O que dizer, então, em versos?
Se até tu Fernando (nome do meu mano!...)
Pensaste que em tudo pensaste
Nesta alheia terra, à beira do mar?...
Ah!...Sobrevivendo a ti mesmo como um fósforo frio...
(19 de Abril de 2007)
segunda-feira, 26 de maio de 2008
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