Se pudesse o tempo parar, suspenso na beleza das palavras,
Teria, na verdade falsidade, e ignoraria, à flor, seu murchar.
Se sentisse ainda o perfume, de outrora, da flor apanhada,
Que bom, em seu aroma mareada, recordando campos afora:
Veria mãos, chupando azedas entre searas,
Por entre risos e brincadeiras,
Rolando grãos translúcidos, sentada nas eiras,
De menina de perna ao léu, choradas.
Veria, nas brincadeiras descuidas, papoilas bailarinas;
E do mais bem-me-quer, uma ausência do nada.
Gritaria de felicidade a cada efémera violeta encontrada,
Compilaria compenetrada o mais belo bouquet de flores.
Oh, saudades de tempo em que fechava os olhos para sentir o perfume…
Que hoje vivo na cidade, sem meus brincos de princesa.
Tenho flores, mas sinto-me presa, a metafísicas de cientificidade,
Que me dão, no pensar, pequeneza e me trazem grande tristeza
Pela perda da inocência de mocidade.
Por isso
Dá-me rosas, rosas, e lírios também,
Que o Álvaro, Reis e Caeiro, esses, que nem existem,
Rogaram doutrinas e para mim foram alguém.
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